terça-feira, 5 de agosto de 2014

Balada Primaveril



Era uma madrugada iluminada pela luz dela
Mais parecia uma manhã, mas de certo era primavera
Eu, um sátiro repulsivo, diminuto e solitário
Ela uma ninfa, alta, com olhar desatento, iluminada
Me escondia, me negava a sua luz tão rica,
Aquele neon que vinha de seus cabelos...

As mechas esverdeadas como o cenário à beira do lago,
Não eram longas, mal tocavam os ombros,
Mas tocavam minha face e meus lábios
Aquilo tudo era criado por ela,
E eu podia sentí-la, mesmo em meu esconderijo duvidoso e furtivo!

Ela tinha o mel e orvalho nos dedos e pintava, com todos eles,
Cada um, um tom diferente, as Cores quentes do ocre ao vermelho rubro do meu sangue...
Ela sorria e entre os dentes um pincel que não precisaria usar,
A cor e a beleza saiam de dentro de si com precisão pelas pontas de seus dedos.

E os tons dançavam ao redor de seu corpo, saíam como um colorido suor de sua pele
E a banhavam cintilantes, alegres, eles a pertenciam, eu a pertencia
Mas não era minha, não deveria ser, deveria ser exatamente como era
Não pertencia à ninguém, não era posse, era passo, dançante, sorridente

A mim, feioso e solitário, meio bode, meio humano, restava a admiração
Daqui de longe, e eu agradecia, pois ela sabia que eu a espiava
E permitia à imagem, permiti a mim indigno e feliz espectador,
Ver sua criação, o mel e orvalho nos dedos e pintava, com todos eles!

As Cores quentes do ocre ao vermelho rubro do meu sangue...
Ela sorria e entre os dentes um pincel que não precisaria usar,
A cor e a beleza saiam de dentro de si com precisão pelas pontas de seus dedos!
Eu não estaria em seu mural, mas o assistiria.

Ela era sua própria criação
Eu, um sátiro repulsivo, diminuto e solitário.

Um comentário:

  1. Primeiro passeio que faço aqui sobre seu espaço, e o que posso dizer é que você é uma surpresa muito boa!
    Gosto do jeito que você escreve e esse poema com detalhes peculiares me deixou encantada!!
    parabens

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