sábado, 16 de outubro de 2010

Feliz dia das Crianças!!!

Dia das Crianças...

Ele não brinca mais comigo, sou um brinquedo velho, cheio de poeira, tenho traços estranhos, acho que pode ser um tipo de fungo e ninguém mais pra limpar tudo isso pra bem longe. Não basta mais olhar sorridente, sou algo opaco no fundo de um baú, não sou bem o que ele esperava de um brinquedo, mesmo o satisfazendo tantas vezes, fui trocado pro um vídeo game, sabe?! Uma tela grande, com uma coisa preta ligada a ela, onde vários bonecos se degladiam até sangrarem, e aí ele grita e gargalha. Me dá medo ele hoje.

Ouça ele às vezes trancado num banheiro, respirando rápido, a mãe vive reclamando, diz pra ele sair de lá e jogar fora tanta porcaria largada no quarto, acho que ela está falando de mim, ela é como algo dentro dele, nunca a vi de fato, mas eu e ele ouvimos sua voz. Eu o compreendo quando ele retruca e embrutece, ela é irritante, o vídeo game não acha nada, não pensa, fica lá parado, é burro, faz tudo que todos mandam, tenho mais personalidade do que dez dele, com todos esses bonecos que tem dentro, acaba não sendo ninguém, nada.

E logo será como eu, mas se for como eu, continuará sendo o que é: nada, e o menino nosso dono, escolherá outro passa-tempo, e depois outro e depois outros, e logo logo não terá tempo nenhum, e todo o resto será esquecido, será empoeirado, com traços estranhos, com um sorriso gasto, sem coração, assim como já é o bendito vídeo game. Mas o pobre coitado, eu o compreendo, não tem personalidade, não o culpo, afinal, ele é o que o garoto quer que ele seja, no fim das contas, talvez eu tenha sido posto de lado tão rápido justamente por não ser como ele queria.
Pobre video game, quero ser como ele um dia... tão querido...