domingo, 7 de agosto de 2016

Banquete de Ossos

Afaste-me de mim
Deixe-me livre de quem sou
Talvez isso seja apenas quem nós somos,
Talvez eu apenas seja quem nós somos
Como poderia ser outros dois?

Não existe mais ninguém para ser
Todos os outros já são alguém
Sempre, aquele alguém que queria ser
E os outros também não querem ser quem são
Mas não trocariam de lugar comigo

Não poderia ser uma multidão
Tenho me negado ser Legião
Tão veementemente, numa agressão passiva e silenciosa
Talvez isso seja apenas quem nós somos,
Nós, pois não quero ser só

Afaste-me de mim
Cometa o erro de ser sempre disponível, fácil
Seja entregue de bandeja,
Me mata a fome, e de tão glutona, me sacia
Não me sacie, eu sou uma multidão
E o inalcançável me corrói!

Talvez eu apenas seja quem nós somos
Como poderia ser outros dois?
Os outros também não querem ser quem são
Mas não trocariam de lugar comigo
Não me sacie, eu sou uma multidão
Quanto mais longe, mais desejo

Então, quero desejar a mim
Afaste-me de mim
Deixe-me livre de quem sou
Talvez isso seja apenas quem nós somos,
Talvez eu apenas seja quem nós somos
Nesse banquete de tudo, menos nós
Eu sou apenas... Eu apenas sou... Meus ossos.