terça-feira, 10 de junho de 2014

Amarelo

Minhas pernas se quebraram no caminho até você
O amarelo me impediu de ver que eu não tinha condições de dançar
E você se negou a olhar meus olhos, você não entendia o por que...
Eu chorei, as pernas quebradas não doíam, mas você me doeu
Era eu, me arrastando num esforço vão, as fraturas expostas e todos ignoravam

Não há samaritano nesta estrada, o medo do poeta é que todos o julguem insano
Me fiz em pé, de pernas quebradas, de olhos baixos, você não me notaria
Eu não sou ninguém, e o amarelo me ofusca além do horizonte da ponta de meus dedos
É o meu beijo no seu reflexo, você não sentirá meus lábios, eu não te alcançarei
É tão simples, é tão dolorido, e se vai, a pior dor é deixar que você saia de dentro de mim

E está saindo, bem devagar como um espinho... Eu me lembro... Sangro e vou embora
Sou a viúva de cada uma de minhas chagas e elas não se curam
Não há crime em suas mãos, não há arma, ou provas, apenas a distância
Longe, tão longe quanto o colorido traidor de um arco-íris, eu nunca o tocarei
Não pode nada tão vivo, escorregar para minhas mãos!

Minhas pernas se quebraram no caminho até você
O amarelo me impediu de ver que eu não tinha condições de dançar
Eu não dancei, me contorci para fora de seu caminho, estou apenas de passagem na sua vida
E a escolha está nas suas vísceras, inalcançável para os meus dentes,
A pior dor é deixar que você saia de dentro de mim, não te devorarei!

Meu eu não te segurou, não te abraçou e nem te encantou...
Sou a viúva de cada uma de minhas chagas e elas não se curam
Não há crime em suas mãos, não há arma, ou provas, apenas a distância
E você se foi, passou por mim e não me reconheceu, o amarelo sou eu.

Um comentário:

  1. "você não entendia o por que" -> ... o porquê, junto e com acento =p

    seu estilo me lembra muito a forma como uma amiga escrevia... o blog dela:
    http://ladymoonbeautifulsadness.blogspot.com.br/

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