domingo, 27 de maio de 2012

O Mal Necessário

Deus, enfim deu-me asas, a serpente dissimulada
E esta, qual sou, feriu e matou a todos pelo caminho,
Sujou com o sêmen absoluto do prazer derradeiro
Despedacei-me na relva seca sobre a pedras que me olhavam
Cuspi meu veneno e ele molhou meus olhos.

Envenenei-me, eu a mim mesmo.
A serpente voadora, que plana sobre todos, altiva e incapaz
Não sente pesar, nem compaixão, é o teu sexo molhado e frio que goza!
É o mal que verte de tua língua, e ela recebeu asas de Deus.
Um dom para que cada um se prove ante a dor.

É triste, e solitária, só há uma de sua espécie, é branca e amarelada.
A serpente que voa e plana sobre a água destilando sua amargura!
Todos a odeiam, mas a engolem com toda a sua frieza.
Eles precisam de uma vilã maior que a vontade de sê-la em si mesmos.

Mas morrerei em mim mesma, pois meu boticário derramou-se
Desceu por dentro de minha garganta e me matará lento.
Este serpente, única de sua espécie que se verá morrer,
E desejará apenas sair em fuga de si, ir para longe,
Trocaria suas asas, para retornar rastejando ao ventre de sua progenitora
Que a expulsou em um ovo frio, tal qual sou agora.

O meu veneno que deixei derramar por meus olhos,
O sêmen absoluto do prazer derradeiro,
As asas dadas a mim pelo criador, um dom para que eu me prove ante a dor.
É a bebida de minha amargura que se ri e contagia minh'alma
Esta que não há, pois a devorei pela cauda e abandonei sua pele em qualquer lugar.

Deus, enfim deu-me asas.
A víbora em solidão, que não sente pesar, pois foi sempre assim.
Deus deu asas para que matasse a mim mesma
A mau cheirosa serpente morta.

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